Depois quase quatro décadas indo frequentemente pras bandas pantaneiras, e de ter visto de perto apenas 6 onças, cinco delas pintadas, nunca havia tido a oportunidade de ficar ao menos um minuto frente a frente com o maior felino das Américas a ponto de fazer uma foto decente.
Nas outras oportunidades, o avistamento foi muito rápido, elas foram ligeiras, e não consegui captar a imagem que eu queria.
Nesta vez a sorte estava ao meu lado...
Navegávamos pelo rio Miranda na segunda-feira passada.
Eu estava bem esperançoso em ver uma delas, e comentei isso com o Carlos, da Lontra Pantanal Hotel (onde fizemos uma parada pra tomar uma cervejinha e comprar gelo), tendo ele me encorajado pois as chances seriam boas.
Seguimos então viagem rio abaixo, passei o comando do barco para um amigo e comecei a mirar as margens freneticamente, quando então eu vi, bem de longe, algo se mexer debaixo de uma grande árvore. O vulto era negro, pois estava na contraluz, mas pude perceber que tinha um tamanho compatível com a onça e se mexia de forma tão elegante que só podia mesmo ser o felino.
Desaceleramos o barco e chegamos devagar nas proximidades da árvore, e, como que num presente, ali estava ela, a esta altura já deitada, serenamente.
Com a máquina já à mão, regulada para os padrões de luminosidade que eu imaginava iria encontrar, pois apesar da claridade geral, ela estava bem na sombra, e entre folhagens, esperei uns instantes, e me dei o direito, antes de disparar o obturador, de olhar ao menos uns segundos para aquele animal inigualável, mágico e lendário.
Quando eu iniciei na fotografia amadora, cometi um erro que tento evitar, que é o de fotografar sem parar um determinado assunto interessante, preocupando-se apenas com os ajustes da máquina.
Mas a foto reflete um momento, então, que ele seja vivido, e depois fotografado,
Ela olhou para mim, num misto de serenidade e imponência, algo realmente hipnotizante, e na verdade precisei de um estalo para começar com as fotos...
Tomado pela imensa emoção do momento (todas as vezes que eu vejo uma onça é assim, e o mesmo ocorre com os mais experiente fotógrafos e cinegrafistas de natureza, como Lawrence Wabba, que faz questão de ressaltar isso), foquei aquela onça enorme e tive direito a dois disparos.
De inopino, ela se levantou, circundou o tronco da árvore por trás e rumou mato adentro...
Eu, e os demais do barco, ficamos ali, com aquela sensação de pequenez diante de um animal daquela magnitude, misturando a alegria do avistamento com a frustração por sua duração tão curta.
Mas a vida é assim, e, no fundo, isso só dá mais gosto nas coisas.
Estou sempre no Pantanal, navego por todos os lados naquelas paragens e isso vai continuar. Então, só me resta torcer pra ter, mais vezes, esse privilégio de ver o animal mais espetacular das Américas em um ambiente realmente natural, sem cevas ou artifícios.
E fica a torcida para que seja possível impedir a extinção da onça pintada no Brasil, o que, na prática, representaria sua extinção do planeta, pois o País é o último reduto minimamente viável para ela.
Um abraço!
Velocidade: 1\320
Abertura: 5.6
Iso: 500
Maravilha! Emoção única! Linda foto!
ResponderExcluirEmocionante... fiquei sem palavras!!!!
ResponderExcluirPaabens meu brother!
ResponderExcluirExcelente, parabéns pela foto.
ResponderExcluirA primeira e única onça que ví foi mais ou menos desta forma. Em julho e 1999 estava navegando no Rio Paraguai quando avistamos uma deitada debaixo de uma mangueira. Quando fizemos a volta com o barco para chegar mais perto e tentar umas fotos ela levantou e sumiu na mata. Devia estar descansando após uma refeição já que o local tinha um forte cheiro de carniça.
Abração
Mauricio
Que imagem ! pega odorado o dia todo e ainda ver esse bicho dessa distancia ... que bela viagem ! Danilo Marinho
ResponderExcluirQue imagem fantástica!!!! Meu Deus... imagino sua emoção.Quem tem coragem, o impossível é só uma questão de opinião.PARABÉNSSSSSS!!!!!
ResponderExcluirSilvia Romero
Você merece essa experiência! Maravilhosa foto, parabéns! Silvia Fornitano.
ResponderExcluirVocê merece essa experiência! Maravilhosa foto, parabéns! Silvia Fornitano.
ResponderExcluirDr. Luiz Guilherme, parabéns pela sua coragem!!! A foto é linda!!! Já está na hora de voce editar seu livro com essas fotos maravilhosas que voce tira no pantanal. VOCE É O CARA!!!! Abração, Paulo Romero
ResponderExcluirGuilherme, linda foto!
ResponderExcluirQuero saber se posso usar umas fotos para ilustrar um post sobre aves do Brasil!
Amo muito.
Imagino sua emoção, sou menos aventureira, mas ano passado fiz uma trilha no estado de Washington nos EUA e vi uma Bald Eagle na natureza, acho que foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida, ver uma ave daquelas, enorme, livre!
Abraços
Amigos, muito obrigado pelos comentários!
ResponderExcluirNeander, Logo (que participou da empreitada!), André Andreasi e Maurício, meus parceiros de pantanal, Silvias queridas, grande Paulo Romero, Danilo, obrigado a todos vcs.
JuMinako, obrigado tb! Pode usar as fotos, mas por favor cite o link do blog. E realmente, ver aninais desta magnitude na natureza é inesquecível. Sua experiência nos EUA foi muito válida.
Abraço a todos vcs!
Luís Guilherme.